O Rosário existe há séculos.
Nenhum santo que desaprovasse isso foi encontrado.
Em outubro do ano passado, estes “Comentários”, seguindo o exemplo de um padre da FSSPX na França, apresentaram uma visão geral das 13 Cartas Encíclicas escritas pelo Papa Leão XIII (1878-1903) entre 1883 e 1898 como um remédio para uma Igreja e um mundo afastando-se de Deus em direção ao século das duas guerras mundiais. Agora estamos no século XXI e as Encíclicas de Leão podem ser mais preciosas do que nunca, se lhes prestarmos atenção. Segue abaixo um breve resumo da Laetitiae Sanctae de 1893, na qual Leão mostra como os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos do Rosário nos iluminam, consolam e apoiam sucessivamente contra as misérias do nosso tempo. As considerações gerais de Leão podem abrir-se a muitas aplicações particulares na oração do Rosário.
Mistérios Alegres –
A sociedade moderna está ameaçada por um crescente desprezo pelos deveres e virtudes domésticas que constituem a beleza de uma vida humilde. A esta causa podemos atribuir, no lar, a disponibilidade dos filhos para se afastarem da obrigação natural de obediência aos pais, e a sua impaciência para com qualquer forma de tratamento que não seja do tipo indulgente e efeminado.
* Para males como estes procuremos remédio nos Mistérios Gozosos do Rosário. Posicionemo-nos diante dessa casa terrena e divina de santidade, a Casa de Nazaré. Aqui contemplamos simplicidade e pureza de conduta, respeito mútuo e amor – não do tipo falso e passageiro – mas aquele que encontra tanto a sua vida como o seu encanto na devoção do serviço.
Mistérios Dolorosos –
Uma segunda característica maligna do nosso tempo reside na repugnância ao sofrimento e na ânsia de escapar de tudo o que é difícil ou doloroso de suportar. A maior parte sonha com uma civilização fantástica na qual tudo o que é desagradável será removido e tudo o que é agradável será suprido. Por este desejo desenfreado de viver uma vida de prazer, as mentes dos homens são enfraquecidas e, se não sucumbirem totalmente, tornam-se desmoralizadas e afundam-se nas adversidades da batalha da vida.
* Um meio poderoso de renovar a nossa coragem será, sem dúvida, encontrado na reflexão sobre os Mistérios Dolorosos da vida de Nosso Senhor. Neles vemos Cristo dominado pela tristeza, de modo que gotas de sangue escorrem como suor de Suas veias. Nós o vemos dilacerado por flagelos, coroado de espinhos, pregado na cruz e condenado pela voz da multidão como merecedor de morte. Também aqui contemplamos a dor da Santíssima Mãe, cuja alma foi trespassada pela espada da dor. Testemunhando estes exemplos de fortaleza, quem não sentirá o coração aquecer-se com o desejo de imitá-los?
Mistérios Gloriosos –
O terceiro mal é aquele que é principalmente característico dos tempos em que vivemos. Os homens dos nossos dias perseguem os falsos bens deste mundo de tal forma que o pensamento da sua verdadeira Pátria não é apenas posto de lado, mas banido e totalmente apagado da memória. Homens de mente carnal, que nada amam além de si mesmos, perdem completamente de vista o mundo que está por vir e afundam nas profundezas da degradação.
* É deste perigo que serão alegremente resgatados aqueles que têm diante de si os Mistérios Gloriosos. Só aqui descobrimos a verdadeira relação entre o tempo e a eternidade, entre a nossa vida na terra e a nossa vida no céu; e é assim que se formam caracteres fortes e nobres.
Conclusão de Leão – Então, em meio aos múltiplos males que assolam a sociedade moderna e pressionam nossas vidas, o Santo Rosário é como se fosse feito sob medida para nos iluminar, consolar e apoiar em nosso caminho para o Céu. Que Maria, Mãe de Deus e dos homens, ela mesma autora e mestra do Rosário, nos procure a sua feliz realização.
Kyrie eleison
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