quarta-feira, 22 de outubro de 2014

As mãos limpas dos puristas


MUITAS PESSOAS QUE CONHEÇO estão expondo-se, por mero senso de dever cívico, ao denunciar o que significaria uma vitória do PT nestas eleições. Serão perseguidas de diferentes maneiras em caso de vitória da estrela vermelha, tenham a mais rotunda certeza. Outras pessoas, entre as quais se encontram muitos católicos de boa-fé, agora lavam as mãos olimpicamente — com o argumento de que, no plano espiritual, PT e PSDB não diferem em gênero, mas apenas em espécie e em grau (o que, a propósito, não é novidade para nenhuma pessoa razoavelmente formada, ou seja, com certo conhecimento a respeito da história das idéias políticas e de sua materialização no decorrer dos séculos).
O problema é simples: a água está na altura do pescoço, subindo, e é preciso manter a cabeça fora dela antes que o Foro de São Paulo "cubanize" e "venezuelize" o Brasil de vez — e, então, estes novos Pilatos perderão o ar olímpico de superioridade e verão a porca torcer o rabo, pois sem um mínimo de liberdade política não há chance de vida espiritual.

Como aliás sabia muito bem Santo Tomás de Aquino.

Os cristãos das catacumbas nunca desistiram de conseguir alforria política; ademais, não esperemos que a sociedade se espiritualize sozinha, muito menos por ação da atual hierarquia da Igreja Católica — que é PODRE, sob os mais variados aspectos.

Seja como for, se porventura Aécio Neves vencer estas eleições (coisa na qual acredito apenas na hipótese de se conterem as fraudes), estes que hoje se omitem acabarão por se beneficiar do respiro necessário para a sobrevida do país, cujas instituições serão em grande parte DESAPARELHADAS.

Meus caros, o ótimo é inimigo do bom, como ensina a sabedoria popular, sobretudo quando a excelência é circunstancialmente impossível. Ademais, encastelar-se numa posição "doutrinal" quando o pau está quebrando é como querer discutir metafísica com o traficante Fernandinho Beira-Mar, ou explicar os elevados princípios da teologia tomista ao ex-presidente Lula — analfabeto funcional por obstinação culpável.

Da água que lava as vossas mãos eu não quero beber, nem posso cerrar fileiras ao lado de quem abandona totalmente um dos gládios (o material), a pretexto de defender o plano espiritual, quando ainda é possível agir com estratégia para a sobrevivência.

P.S. O apoio a Aécio não pode ser programático nem propriamente político, para um católico, mas QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA, de sobrevida para — quem sabe? — mais à frente ser possível aparecer uma força política que ao menos não fira a lei natural. Será que as pessoas não vêem que na Bolívia até ameaçados de ser chicoteados foram os eleitores? Será que não vêem o que ocorre na Venezuela? Será que não vêem os princípios reitores do regime comunista cubano, da qual o PT é parceiro? Não vêem que essas verdadeiras ditaduras esquerdistas são financiadas pelo PT? Em suma, nenhum católico está desobrigado de defender a sua própria família, e os que não enxergam o recrudescimento da posição bolivariana no Brasil estão acometidos duma cegueira voluntária grandemente culpável.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A seca, a fé e a chuva


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A Folha online publicou, no dia 8 de fevereiro último, a notícia trágica de que a tentativa de fazer chover na região do sistema Cantareira fracassou e a estiagem continua terrível!

Comentando o fato com um amigo de Minas Gerais, ele recordou que, em tempos idos, o clero promovia procissões que saíam da igreja matriz rumo a um Cruzeiro da cidade para pedir a Deus que enviasse chuva. Muitas crianças ainda inocentes seguiam a procissão portando garrafinhas d’água. Ao chegarem, elas eram orientadas a derramar a água junto aos pés da grande Cruz. E a chuva não tardaria.

Outro mineiro, que costuma fazer a revisão de meus artigos, acrescentou ter ele mesmo, juntamente com dois irmãos, também quando crianças, conduzido em procissão pela mãe levando um pequeno recipiente com água da porta da casa da fazenda onde vivia até o Cruzeiro que ficava sobranceiro sobre um monte. Ali, após algumas orações, fazia-se a Deus o pedido da chuva ao mesmo tempo em que os inocentes derramavam a água aos pés Cruz. Segundo ele, isso ocorreu há mais de 60 anos, e, naquele mesmo dia, à noite, a chuva caiu abundante.

Ao longo de minha vida ouvi contar muitos fatos semelhantes. Para mim, nada mais natural, pois a Igreja é detentora do poder espiritual e, portanto, capaz de mover o sobrenatural. O pedido oficial da Igreja é propício a Deus, a Nossa Senhora, aos anjos e aos santos para tudo de justo, razoável e bom.

Infelizmente, nos dias que correm não se percebe mais fé entre as pessoas, como também e, sobretudo, em larguíssima parcela do clero. Para não falar de nossos governantes mais inclinados a promover uma pajelança ou “dança da chuva” que rezar ou promover uma procissão.

Como seria edificante e eficaz a convocação feita por um Cardeal e Bispos seguidos do clero aos fiéis para a realização de um ato religioso a fim de implorar a Deus misericórdia pelos pecados, prometendo antes sincera conversão e, com tal disposição, rogar a Deus que chova o quanto antes. Com certeza, o povo atenderia em grande medida tal iniciativa.

Resta saber se o clero, muito mais engajado em assuntos como invasões de terra e de imóveis urbanos, levante de índios e negros contra brancos, arengando sempre contra o direito de propriedade, jogando pobres contra ricos, atores sentimentais que vivem promovendo festas, pois entendem eles hoje que “Jesus quer nos fazer felizes”. Aliás, felicidade essa com significado de mero prazer e que tudo justifica. Os Mandamentos não são mais levados em conta, espalhando a vivência de que tudo corre normalmente, Deus não está desagradado com as faltas de seus filhos.

Nem todos os sacerdotes procedem assim, e há verdadeiros heróis que cumprem seu dever. Infelizmente, por isso mesmo, sofrem perseguição atroz de seus pares ou mesmo até de superiores...

A verdade é que voltar-se para Deus, prometer emenda de vida e implorar misericórdia quase ninguém quer fazer.

Faço duas perguntas, a propósito da chuva:

E se Deus não permitir que chova até que os homens se voltem para Ele, como aconteceu no tempo de Elias profeta?

Mas creio isso está fora de cogitação do homem de hoje.

E se, por um prodígio de paciência, Deus permitir que chova, aguardando ainda mais pela conversão do homem, ele seguirá como se Deus não existisse, pensando exclusivamente em si? O grande Santo Agostinho tinha razão ao afirmar que “Deus é amigo do homem e quer a sua salvação. O que falta é o homem querer ser amigo de Deus”.

Fonte: IPCO

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Entrevista a Mons. Fellay luego de su encuentro con el Cardenal Müller

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Ud. fue recibido por el Cardenal Müller el 23 de septiembre pasado. El comunicado de la sala de prensa del Vaticano retoma los términos del comunicado de 2005, luego de su encuentro con Benedicto XVI, en el que ya se hablaba de “proceder por etapas y en un plazo razonable”, con “el deseo de llegar a la plena comunión”; – el comunicado de 2014 habla de “plena reconciliación”. ¿Significa esto que se regresa al punto de partida?

Sí y no, según el punto de vista en el que uno se sitúe. No hay nada nuevo en el sentido que hemos verificado —nuestros interlocutores y nosotros— que permanecen las divergencias doctrinales que se habían manifestado claramente con oportunidad de las discusiones teológicas de 2009-2011, y que, por tanto, no podíamos firmar el Preámbulo doctrinal que nos ha sido propuesto por la Congregación para la Doctrina de la Fe desde 2011.

Pero, ¿qué hay de nuevo?
Hay un nuevo Papa y un nuevo Prefecto al frente de la Congregación para la Doctrina de la Fe. Y este encuentro muestra que ni ellos ni nosotros deseamos una ruptura de las relaciones: las dos partes insisten sobre la necesidad de esclarecer las cuestiones doctrinales antes de un reconocimiento canónico. Por eso, de parte de ellos, las autoridades romanas reclaman la firma de un Preámbulo doctrinal que, de nuestra parte, no podemos firmar en razón de sus ambigüedades.

Entre las novedades se encuentra también el agravamiento de la crisis en la Iglesia. En la víspera de un Sínodo sobre la familia se manifiestan críticas serias y justificadas, de parte de varios cardenales, contra las proposiciones del Cardenal Kasper sobre la comunión de los divorciados “vueltos a casar”. Desde las críticas de los cardenales Ottaviani y Bacci en el Breve examen del Novus Ordo Missae, en 1969, esto no se había visto en Roma. Pero lo que no ha cambiado es que las autoridades romanas siguen sin tomar en cuenta nuestras críticas del Concilio porque les parecen secundarias e incluso ilusorias, frente a los graves problemas a los que se enfrenta la Iglesia hoy. Estas autoridades comprueban claramente la crisis que sacude a la Iglesia al más alto nivel —ahora entre cardenales—, pero no conciben que el Concilio mismo pueda ser la causa principal de esta crisis sin precedentes. Se parece a un diálogo de sordos.

¿Podría dar un ejemplo concreto?
Las proposiciones del Cardenal Kasper en favor de la comunión de los divorciados “vueltos a casar” son una muestra de lo que reprochamos al Concilio. En su discurso a los cardenales, en el Consistorio del 20 de febrero pasado, propone hacer nuevamente lo que ya se hizo en el Concilio, a saber: reafirmar la doctrina católica, ofreciendo al mismo tiempo aperturas pastorales. En sus diversas entrevistas con los periodistas, él realiza esta distinción entre la doctrina y al pastoral: recuerda en teoría que la doctrina no puede cambiar, pero introduce la idea que, en la realidad concreta, hay situaciones tales, que la doctrina no puede ser aplicada. Entonces, según él, solamente la pastoral está en condiciones de encontrar soluciones… en detrimento de la doctrina.

Por nuestra parte, reprochamos al Concilio esta distinción artificial entre la doctrina y la pastoral, porque la pastoral debe necesariamente derivarse de la doctrina. Gracias a múltiples aperturas pastorales se introdujeron cambios sustanciales en la Iglesia y la doctrina se vio afectada. Es lo que pasó durante y después del Concilio, y denunciamos la misma estrategia utilizada ahora contra la moral del matrimonio.

¿Acaso no hay en el Concilio sólo cambios pastorales, que habrían indirectamente afectado la doctrina?
No, nos vemos obligados a afirmar que se realizaron cambios graves en la doctrina misma: la libertad religiosa, la colegialidad, el ecumenismo… Pero es cierto que estos cambios aparecen de una manera más clara y más evidente en sus aplicaciones pastorales concretas, pues en los documentos conciliares son presentados como simples aperturas, de manera alusiva y con mucho sobrentendidos… Esto hace de ellos, según la expresión de mi predecesor, el R. P. Schmidberger, “bombas de tiempo”.

En las proposiciones del Cardenal Kasper, ¿dónde ve Ud. una aplicación pastoral que haría más evidente un cambio doctrinal introducido en el Concilio? ¿Dónde ve Ud. una “bomba de tiempo”?
En la entrevista que concede al vaticanista Andrea Tornielli, este 18 de septiembre, el Cardenal declara:

La doctrina de la Iglesia no es un sistema cerrado: el Concilio Vaticano II enseña que hay un desarrollo en el sentido de una posible profundización. Me pregunto si una profundización semejante a la que se dio con la eclesiología no es posible en este caso (de los divorciados vueltos a casar civilmente): incluso si la Iglesia católica es la verdadera Iglesia de Cristo, hay elementos de eclesialidad también fuera de las fronteras institucionales de la Iglesia católica. En ciertos casos, ¿no se podría reconocer igualmente en un matrimonio civil elementos del matrimonio sacramental? Por ejemplo, el compromiso definitivo, el amor y el apoyo mutuo, la vida cristiana, el compromiso público, que no existe en las uniones de hecho (i.e. las uniones libres)”

El Cardenal Kasper es muy lógico, perfectamente coherente: propone que los nuevos principios sobre la Iglesia, que el Concilio enunció en nombre del ecumenismo —existen elementos de eclesialidad fuera de la Iglesia—, se apliquen pastoralmente al matrimonio. Pasa lógicamente del ecumenismo eclesial al ecumenismo matrimonial. En este sentido, según él habría elementos del matrimonio cristiano fuera del sacramento. Para ver las cosas concretamente, ¡pregúntese, pues, a los esposos, qué pensarían sobre una fidelidad conyugal “ecuménica” o sobre una fidelidad en la diversidad! Paralelamente, ¿qué debemos pensar de una unidad doctrinal “ecuménica”, diversamente una? Esta es la consecuencia que denunciamos, pero que la Congregación para la Doctrina de la Fe no ve o no quiere ver.

¿Cómo se debe entender la expresión del comunicado del Vaticano “proceder por etapas”?
Como el deseo recíproco, en Roma y en la Fraternidad San Pío X, de mantener conversaciones doctrinales en un marco amplio y menos formal que el de los precedentes intercambios.

Pero si los intercambios doctrinales de 2009-2011 no aportaron nada, ¿para qué retomarlos, incluso de manera más amplia?
Porque, siguiendo el ejemplo de Mons. Lefebvre, que nunca rechazó aceptar la invitación de las autoridades romanas, nosotros respondemos siempre a quienes nos interrogan sobre las razones de nuestra fidelidad a la Tradición. No podemos rehuir esta obligación, y siempre la cumpliremos en el espíritu y con las obligaciones que han sido definidas por el último Capítulo General.

Puesto que Ud. mencionaba la audiencia que me concedió Benedicto XVI en 2005, recuerdo que entonces decía que queríamos mostrar que la Iglesia sería más fuerte en el mundo de hoy si mantuviera la Tradición, —incluso agregaría: si recordara con orgullo su Tradición bimilenaria. Repito hoy que queremos aportar nuestro testimonio: si la Iglesia quiere salir de la crisis trágica que atraviesa, la Tradición es la respuesta a esta crisis. De esta manera manifestamos nuestra piedad filial para con la Roma eterna, para con la Iglesia, Madre y Maestra de verdad, a la que estamos profundamente unidos.

Ud. dice que se trata de un testimonio; ¿no es más bien una profesión de fe?
Una cosa no excluye la otra. Nuestro fundador gustaba decir que los argumentos teológicos con los cuales profesamos la fe, no siempre son comprendidos por nuestros interlocutores romanos, pero ello no nos dispensa de recordarlos. Y, con el realismo sobrenatural que lo caracterizaba, Mons. Lefebvre añadía que las realizaciones concretas de la Tradición: los seminarios, los colegios, los prioratos, el número de sacerdotes, de religiosos y religiosas, de seminaristas y fieles… también tenían un gran valor demostrativo. Contra estos hechos tangibles, no hay argumento especioso que valga: contra factum non fit argumentum. En el caso presente, se podría traducir este adagio latino con la frase de nuestro Señor: “se juzga al árbol por sus frutos”. En este sentido, al mismo tiempo que profesamos la fe, debemos dar testimonio en favor de la vitalidad de la Tradición.

Fonte: DICI