Deveres dos Católicos
Referentes às Faltas do Próximo
Referentes às Faltas do Próximo
Com dois Apêndices
sobre a virtude da paciência
respeitante a quaisquer males que possam se abater sobre nós,
inclusive os provenientes do próximo.
respeitante a quaisquer males que possam se abater sobre nós,
inclusive os provenientes do próximo.
John S. Daly
Tradução de Felipe
Coelho
As fontes para o que segue são: a
“Conferência” do Padre Faber sobre receber escândalo; Sto. Tomás de Aquino
– Summa Theologiae; Scupoli – Combate Espiritual; Scaramelli – Diretório
Ascético; São Francisco de Sales –Introdução à Vida Devota; Thomas de Kempis
– Imitação de Cristo; Balmes –A Arte de Alcançar a Verdade; Sto. Afonso de
Ligório; São João Crisóstomo; e outros.
Podemos:
• Acreditar que o próximo cometeu
um pecado contanto que a malícia do ato em que baseamos nossa convicção seja
tão clara, óbvia e palpável que o ato não seja susceptível nem de
justificativa, nem de desculpa. (D’Hauterive: Grand Cat., parte 2, seção
1, lição 27, n.º 52)
• Quando a ocasião for propícia e
o pecado for manifesto, corrigir ou censurar o próximo.
• Fugir como da peste da
companhia de pecadores escancarados e manifestos.
• Quando o bem de outrem tornar
isto aconselhável, denunciar um pecador cuja culpabilidade for objeto de
certeza, ou manifestar nossas suspeitas razoáveis, com moderação, a pessoas que
tenham necessidade de ser informadas.
• Sondar o estado de consciência
de pessoas sobre as quais temos autoridade, por exemplo nossos filhos menores
de idade.
• Avaliar a virtude ou as
motivações do próximo para uma finalidade específica, por exemplo para decidir
se é apropriado empregá-lo numa dada função, com a condição de mantermos nossas
conclusões apenas provisoriamente, na medida que não atingem o nível da
certeza.
• Suspeitar da existência de uma
falta ou vício, ou ao menos duvidar da virtude de alguém, caso a necessidade
nos obrigue a refletir sobre a questão e existam razões suficientemente sólidas
para nossas conclusões.
• Até mesmo relatar nossas
suspeitas a outras pessoas, com prudência e caridade, por uma razão suficiente.
Não podemos:
• Acreditar que o próximo é
culpado de algum pecado, seja qual for, quando outra possibilidade existir.
• Condenar alguém por faltas
duvidosas, ou então com severidade quando a brandura for suficiente.
• Tratar alguém como malvado
antes de a caridosa pressuposição de sua bondade ter sido definitivamente
refutada.
• Difamar alguém sem haver
certeza de que o que estamos dizendo é verdadeiro, nem mesmo relatar um pecado
que é objeto de certeza a não ser que seja necessário fazê-lo;
nem tampouco podemos revelar uma suspeita infundada ou uma suspeita exagerada,
nem de fato suspeita alguma sem necessidade.
• Analisar, do ponto de vista
moral, os atos e omissões do próximo, a não ser que tenhamos autoridade sobre
ele.
• “Assumir o papel de censores de
nossos irmãos; adquirir o hábito e ter prazer de julgar os outros
desfavoravelmente.” (Bacuez e Vigoroux: Man. Bibl., N.T., n. 293)
• Em geral avaliar os atos e
omissões do próximo; atribuir motivações, etc., sem necessidade, ou mais severamente
do que é necessário.
• Atribuir a alguém uma motivação
ruim quando outra motivação, boa ou então menos má, for possível.
• Acreditar que o próximo cometeu
um pecado quando isso foi relatado por pessoas que têm boa razão para comunicar
essa informação e são inteiramente dignas de crédito.
[N. do T. – O A. trata mais longamente deste ponto em seu belo estudo: Há Fumaça Sem Fogo?, também s/d.]
[N. do T. – O A. trata mais longamente deste ponto em seu belo estudo: Há Fumaça Sem Fogo?, também s/d.]
• Suspeitar da existência de uma
falta ou vício em alguém, ou duvidar de sua virtude, quando temos possibilidade
razoável de não formar um juízo ou de formar um juízo mais favorável.
• Relatar suspeitas que não sejam
justificadas, fazê-lo com demasiada severidade, ou fazê-lo sem necessidade.
• Acreditar ou até mesmo dar
ouvidos a relatos maus sobre o próximo vindos de pessoas que não são
inteiramente dignas de crédito ou que têm razões más para comunicar essas
coisas.
Devemos:
• Estar ocupados demais com
nossas próprias faltas, e com o exame de nossa própria consciência e procura
por nossos próprios pecados ocultos e desconhecidos, para sermos capazes de
perceber os do próximo.
• Justificar, minimizar, mitigar
ou escusar toda falta, real ou aparente, do próximo.
• Preferir supor até mesmo o que
parece muito improvável, antes que crer mal do próximo, principalmente de
nossos irmãos na Fé.
• Quando confrontados com as
faltas ou pecados manifestos e certos do próximo, considerar que somos culpados
de similares ou piores, ou ao menos que o seríamos caso tivéssemos as
mesmas tentações e não tivéssemos graças especiais de Deus; e pensar que, se os
outros nos julgassem com a mesma liberdade que tendemos a nos permitir com
relação a eles, encontrariam em nós maldade maior, e com mais justiça.
• Ao nos depararmos com os
pecados manifestos e certos do próximo, neles encontrar motivo de sermos mais
humildes e de manifestarmos para com ele maior caridade.
Não devemos, de jeito nenhum:
• Ocupar-nos do estado de alma do
próximo, de suas motivações ou da qualidade moral de seus atos, salvo para
neles procurar edificação, a não ser que nos deparemos com defeitos certos e
manifestos que exijam nossa intervenção.
• Culpar o próximo mais do que
nós mesmos naturalmente gostaríamos de ser inculpados por nossas próprias
faltas.
• Procurar ser “objetivos” ou
“realistas” em avaliar as faltas, reais ou aparentes, do próximo.
• Nos comparar favoravelmente com
o próximo, ou o próximo desfavoravelmente conosco.
• Chegar a receber escândalo,
perder a paz, ou permitir a nós mesmos a menor “comoção da alma tendente a nos
separar do bem” (Sto. Tomás de Aquino – Summa Theologiae, II-II, q.43,
a.5) em razão das faltas, reais ou imaginárias, do próximo.
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Certos elementos da doutrina
católica sobre esta matéria não se prestam a esse tipo de apresentação e são
agora adicionados:
1. É falso pensar que não
cometemos pecado em julgar o próximo culpado desta ou daquela falta, contanto
que o nosso juízo esteja correto. Na realidade, a regra geral de que devemos
tentar sempre acreditar no que for verdadeiro se choca aqui com uma exceção
(Sto. Tomás de Aquino – Summa Theologiae II-II, q.60, a.4), e devemos
preferir acreditar o bem sobre o próximo incorretamente, a
acreditar omal corretamente, a não ser que o pecado seja evidente e inegável.
Há três razões para isso:
(a) A caridade exige que nos
inclinemos em favor do próximo;
(b) Nossos vícios
impedem-nos de julgar o próximo corretamente;
(c) Nós não temos jurisdição
(ou seja, direito de julgar*) sobre o próximo, razão pela qual todo juízo
adverso que formarmos acerca dele constitui usurpação do papel que Deus
reservou para Si.
[*) Certos autores abrem uma
exceção em caso de pecado manifesto (por exemplo, Sto. Agostinho); outros, tais
como São Francisco de Sales, julgam que o preceito de não julgar não admite
exceção alguma, mas que não é, falando propriamente, um “julgamento” se notamos,
malgrado nós mesmos, aquilo que é tão evidente que nada é capaz de esconder.]
2. É falso que seja
suficiente perdoar as faltas que percebemos no próximo, desejar-lhe o bem, e
admitir que também nós temos as nossas faltas e fraquezas. A malícia do juízo
temerário consiste no fato de pensar mal do próximo quando temos possibilidade
de (a) dele pensar e presumir o bem ou (b) pôr de lado todo
o caso, restringindo-nos ao que nos diz respeito ou ao que a Providência nos
deu a conhecer com certeza.
3. O juízo temerário deve-se
geralmente ao orgulho, o mais sutil de nossos inimigos espirituais; ele nos faz
confiar excessivamente em nosso próprio juízo em todas as coisas, mas é
especialmente atiçado pelo Demônio para atrair nossa atenção para as faltas do
próximo (Scupoli – Combate Espiritual, capítulo 43).
4. Os pecados, faltas e
motivações más que nos permitimos atribuir ao próximo, sem termos o direito de
formar esses juízos, são muito geralmente nossos próprios pecados, faltas e
motivações más, de que nós próprios somos culpados mas para os quais nos
cegamos, embora fôssemos notá-los bem depressa se dedicássemos o mesmo esforço
em examinar nossa própria consciência que dedicamos a usurpar o direito de
examinar a do próximo.
5. Até mesmo os intelectos mais
penetrantes raramente acertam quando atribuem este ou aquele pecado ou má
intenção a seu próximo. A experiência com os juízos temerários de que nós
mesmos fomos objeto por parte de outras pessoas deveria convencer-nos de que a
verdade é raramente aquilo que a mente humana pensa que é quando sua natural
amargura não é adocicada pela caridade, e quando ela se imiscui na autoridade
d’Aquele “que esquadrinha o coração e sonda os afetos” (Jeremias 17,10).
6. Seremos nós mesmos
julgados mais severamente conforme a medida com que tivermos julgado o próximo
severamente, e seremos julgados com menos severidade conforme a medida em que
tivermos fechado os olhos para as debilidades do próximo, desculpado suas
faltas, e nos recusado a acreditar no que tende à sua desonra. Mas há mais:
unicamente com a condição de não julgarmos em nada ao próximo, nós mesmos não
seremos julgados, em absoluto! “Em todos os livros sacros, há alguma promessa
mais maravilhosa do que esta?”, pergunta o padre Peter Gallwey S.J. em Watches
of the Passion[Relógios da Paixão] (vol.1, p.792).
7. Para obter esta promessa
Divina – a promessa de que, em nosso julgamento, o Diabo, que nos acusará de
todos os pecados da nossa vida, não será ouvido nem sequer por um instante –,
basta seguir esta simples regra com respeito às faltas do próximo: perceber
pouco, crer em menos ainda do que ouvimos, desculpar prontamente, absolver
generosamente, e jamais condenar.
8. Certamente, porém, não
somos proibidos de pensar ou falar do que é publicamente conhecido, caso haja
razão proporcional, contanto que sempre poupemos o próximo o máximo possível. E
certamente, também, podemos discutir as faltas manifestas do próximo, e mesmo
refletir sobre o que as motivou, caso seja com a intenção de corrigi-las, ou para
nos ajudar a tomar uma decisão prática, com a condição de jamais nos
esquecermos de que, mesmo quando um pecado é manifesto, seus motivos e os
fatores que predispuseram ao seu cometimento, frequentemente, não são manifestos
e dariam um aspecto muitíssimo diferente à questão se o fossem.
9. Por fim, os inimigos
públicos de Deus e de Sua Igreja têm apenas direito à justiça e à verdade;
aquilo que a caridade nos move a dar aos outros pode, e muitas vezes
deve, ser recusado a eles, a fim de melhor praticar a caridade para com aqueles
que tais pessoas poderiam, de outro modo, fazer extraviar.
Apêndice 1 – Sobre a Virtude da
Paciência
extraído do:
Textbook Of The Spiritual Life – Leading By An Easy And
Clear Method
From The Beginning Of Conversion To The High-Point Of Holiness
[Manual da Vida Espiritual – Conduzindo, por um método fácil e claro,
do início da conversão até ao ápice da santidade]
From The Beginning Of Conversion To The High-Point Of Holiness
[Manual da Vida Espiritual – Conduzindo, por um método fácil e claro,
do início da conversão até ao ápice da santidade]
por Pe. Charles Joseph Morotius,
monge cisterciense, teólogo e pregador
monge cisterciense, teólogo e pregador
Parte II, Capítulo 8, Seção 4
A Paciência e suas Auxiliares, a
Longanimidade e a Equanimidade
1. Paciência é a virtude
pela qual suportamos os infortúnios deste mundo com tranquilidade de espírito,
para que em razão deles não fiquemos desnecessariamente perturbados ou
entristecidos interiormente, e não nos permitamos fazer nada de errado ou de
inadequado. As adversidades desta vida que a paciência suporta são doenças,
desterros, angústia psicológica, desgraça, escárnio, maltrato, insultos,
calúnias, reprimendas, fome, sede, frio, as mortes dos pais e dos filhos, dos
parentes e dos amigos, massacres e calamidades públicas, e outras coisas da
mesma espécie que geralmente ocorrem todos os dias. A longanimidade é a parte
da paciência que fortalece o espírito contra o aborrecimento ocasionado pela
demora em receber algo que esperamos. Ela difere da paciência por suportar
males por um longo tempo e aguardar consolação postergada por muitos dias,
meses e anos. Assim Deus é chamado longânime, porque Ele tolera nossas demoras
e hesitações enquanto nos convida ao arrependimento. Também a equanimidade não
é uma virtude distinta da paciência, embora seja considerada especialmente
voltada a moderar o aborrecimento que advém da perda de bens exteriores.
2. A matéria próxima com que
a paciência se ocupa é a aflição da mente e a tristeza por conta dos reveses
enumerados acima: essa virtude as reprime por inteiro ou então as controla
tanto, que elas não excedem as exigências da reta razão. Por onde, as principais
ações da paciência são:
(i) Suportar todas as
sobreditas adversidades calmamente, de bom grado, com ânimo e em ação de
graças, e sem nenhuma murmuração ou queixa.
(ii) Suportar esses males
mesmo não tendo culpa, e mesmo que nos sejam infligidos por aqueles que
receberam muitos benefícios de nós.
(iii) Atribuir todos os
nossos problemas e dificuldades unicamente à vontade Divina, não importa por
intermédio de quem provenham.
(iv) Sempre que estivermos
feridos ou irritados, voltarmo-nos para Jesus crucificado como estando
presente, buscando obter d’Ele a paciência e oferecendo a Ele tudo o que
sofremos.
(v) Oferecer-se a si
próprio, bem no começo de todas as manhãs, a Deus para sofrer não importa o
quê, e para suscitar um desejo ardente na alma de sofrer todos os males
possíveis em imitação de Cristo.
Nós temos muitas ocasiões para
exercitar a paciência a quase todo momento, suportando os males e perdas que
nos acometem com respeito a nossa boa reputação, vida e bens exteriores.
3. Os sinais da paciência
são:
(i) Suportar com calma as
imperfeições dos outros.
(ii) Não ceder ao rancor
quando maltratado pelo próximo.
(iii) Não murmurar contra as
punições divinas.
(iv) Não evitar a companhia
daqueles que cometem injustiça contra nós, mas antes ir ao seu encontro, ter
amor por eles e por eles rezar.
(v) Em alguma enfermidade,
rezar a Deus que aumente nosso sofrimento.
(vi) Manter silêncio em meio
às injustiças, não se desculpar, mas entregar tudo nas mãos de Deus a exemplo
de Nosso Senhor, que mesmo quando convocado a Se defender preferiu permanecer
em silêncio.
Agora, quem não faria tudo o que
está em seu poder para exercer essa virtude com máximo cuidado, considerando a
paciência e longanimidade de Deus, que não somente tolera os pecadores com
benevolência, mas não cessa de cobri-los com os maiores benefícios? E a vida de
Cristo e Sua amaríssima paixão não proporcionam o exemplo supremo de paciência?
Nem deve ser preterido o exemplo
dos santos do Antigo e do Novo Testamentos, principalmente de Jó e Tobias e dos
incontáveis mártires. Ademais, quem quer que considere atentamente os
inomináveis tormentos do Inferno, de que tão frequentemente escapou por conta
da infinita misericórdia de Deus, não considerará os aborrecimentos desta vida,
não importa quão graves e dolorosos, como de nenhuma importância, e até os
tratará como prazeres?
Finalmente, como diz o Apóstolo,
“A paciência vos é necessária” (Hebreus 10,36), pois ela fortalece a fé,
governa a paz, auxilia o amor, instrui a humildade, excita o arrependimento,
faz satisfação pelos pecados, ata a língua, refreia a carne, resguarda o
espírito, aperfeiçoa todas as virtudes e dota-nos ao fim desta vida com a bem-aventurada
imortalidade: “Porque agora o que é para nós uma tribulação momentânea e
ligeira, produz em nós um peso eterno duma sublime e incomparável glória.” (2
Coríntios 4,17).
Apêndice 2 – Sobre a Virtude da
Paciência
Sermão do Rev. Pe. Oswald Baker datado
de 26 de fevereiro de 1995
intitulado “Frustração e Paciência”.
intitulado “Frustração e Paciência”.
O relato que São Paulo faz de
seus suplícios no curso de sua missão Apostólica proporciona uma lição de
contenção, longanimidade, tenacidade, equanimidade, autocontrole, placidez, compostura,
benevolência, paciência. Infinita paciência. “A ira do homem não dá fruto que
seja aceitável a Deus” (Thiago 1,19). Quem perde a cabeça, sai perdendo. Você
sempre perde mais do que ganha quando cede ao seu gênio. Três minutos de cólera
minarão suas forças mais drasticamente do que oito horas de trabalho. Ela
desgasta terrivelmente o corpo. Quando você está irado, o sangue corre para os
principais músculos de seus braços e pernas, e assim você tem a força física
aumentada. Mas o seu cérebro, faltando-lhe o pleno suprimento de sangue, tem
sua eficiência reduzida. É por isso que você fala e se comporta de maneira
bizarra. E você perde o respeito dos que testemunham a explosão. A paciência é
uma vencedora.
Suponha que você esteja de pé na
fila, numa liquidação, e alguém que furou a fila bem na sua frente compra o
último dos artigos à venda. Qual é a sua reação? Coisinha esfomeada,
intrometida, horripilante? Suponho que eu devesse ter chegado mais cedo? Ora
que bem, não importa realmente, ela provavelmente precisa disso mais do que eu?
Suponha que o telefone desperte
você com um sobressalto enquanto você tirava um cochilo, e, quando você vai
ver, é alguém tentando vender-lhe algo que você não quer. A sua reação é:
Importuno estúpido? Suponho que eu realmente não deva ficar na cama a manhã
inteira? Não é razão nenhuma de irritação; é o trabalho dele?
Se alguém pegar emprestada de
você uma capa de chuva e devolvê-la muito manchada, como você se sente: Esta é
a última vez que lhe empresto algo? Suponho que eu não deva lhe emprestar nada
que manche tão fácil? Não deve ter notado que ficou tão manchada, senão teria
limpado?
Se uma pessoa conhecida passa por
você sem falar nada, o que você pensa: O que será que atribulou a ranzinzinha?
Suponho que eu devesse ter tomado a iniciativa de falar com ela? Ela
provavelmente estava com a cabeça cheia e simplesmente não me viu?
Enxerga o padrão nos três tipos
de reação? Na primeira, você culpa a outra pessoa e guarda ressentimento. Na
segunda, você culpa a si mesmo. Na terceira, você não culpa a ninguém; você
talvez fique embaraçado, mas não fica com raiva. O primeiro tipo de disposição
chama-se extrapunitivo, inclinado a culpar os outros. O segundo éintrapunitivo,
culpando a si mesmo por suas próprias frustrações. O terceiro é impunitivo,
não atribuindo culpa nenhuma e tentando ignorar a frustração. A vida de virtude
exige de nós que nos esforcemos sempre pela segunda ou terceira: culpar a si
próprio ou não culpar ninguém. É bom, e necessário, refletir e determinar que
tipo de incidentes fazem mais prontamente com que você se sinta frustrado, e
como é que você lida com essas situações. As frustrações são parte inescapável
da vida, e o modo como você reage a elas é uma chave para a sua personalidade.
Se você está insatisfeito com o seu ambiente, seu emprego, até mesmo seus entes
queridos, você pode talvez sair à cata de alguém a quem culpar, enquanto a
possível causa que se deveria investigar primeiro é a imaturidade ou alguma
outra inadequação sua. Talvez você não se ajuste bem à vida em geral. Considere
estas questões: você é inconsistente no seu comportamento? Você é
emocionalmente estável? Você tem um sentimento injustificado de insegurança?
Considera que você procura dar, em vez de obter, satisfação? Você é ostentoso?
Acha que tem um senso de humor satisfatório?
Nossa vida na terra é uma guerra,
e em todas as esferas devemos esperar topar com provação, adversidade, reveses,
todos os quais podem ser utilizados para o nosso bem mediante a virtude da
paciência. Se queremos adquirir a equanimidade e o autocontrole conducentes à
paciência, três reflexões: (i) Quão pouco é o que temos de suportar,
em comparação com o que já merecemos por nossos pecados. Se isso falhar em nos
comover, devemos rezar por um sentido mais aguçado do pecado, e pedir a Nosso
Senhor que elimine em nós todo traço de complacência, de presunção e de
fraude. (ii)Considerar a paciência exemplar do nosso Salvador e o
sofrimento que Ele suportou por nossos pecados durante Sua Paixão e
Morte. (iii) Nós devemos fixar a mente na santa Vontade de Deus, Que
nos envia provações para o nosso maior bem, Que sabe o que é melhor para nós, e
dispõe tudo para o melhor, se nos resignarmos ao Seu cuidado amoroso.