terça-feira, 4 de agosto de 2015

Finalidades Opostas


Arsenius

É sabido que em 1988 D. Lefebvre disse ao então Cardeal Ratzinger que havia entre o trabalho dos tradicionalistas e o das autoridades romanas (e, portanto, também do dito Cardeal) uma fundamental oposição: os primeiros trabalhavam para cristianizar a sociedade e os segundos para descristianizá-la.
É sabido também que D. Lefebvre, a partir de um momento, não quis mais saber de reconhecimento da Fraternidade enquanto as autoridades romanas não se convertessem à Fé de sempre, visto ele haver constatado que seus esforços em tentar reconduzi-las a essa mesma Fé foi inútil.

Mas parece que D. Fellay esqueceu-se desses fatos, ou não os leva em consideração, pois afirma peremptoriamente que procurando o reconhecimento oficial da Fraternidade, está fazendo o que D. Lefebvre sempre procurou. E chegou a afirmar em um círculo restrito que ter que esperar haver um acordo doutrinal com Roma para poder fazer um acordo prático seria “praticamente impraticável”. Ou seja, o acordo doutrinal é de importância secundária.

Ao que parece, D. Fellay julga que colocando-se sob as autoridades romanas atuais vai conseguir continuar a trabalhar em um sentido diametralmente oposto ao destas, esquecendo-se do que D. Lefebvre advertira de que quem faz os subordinados são os superiores, e que, portanto, os subordinados, enquanto querem permanecer sob a obediência daqueles, têm que se submeter à direção que aqueles dão ao seu trabalho. Ou seja, quer queira quer não, a Fraternidade aproximando-se da Roma modernista, vai acabar trabalhando no sentido que os modernistas querem.
Mas um verdadeiro católico pode querer subtrair-se às autoridades legítimas da Santa Igreja sem cair no cisma ou em um espírito cismático? Agora eu pergunto: um filho pode subtrair-se às ordens (e modo de orientar as mesmas) de seu pai? A resposta é sim, se essa atitude paterna leva o filho a ir contra a vontade de Deus, do qual o pai recebeu a autoridade, não para abusar dela, mas para utilizá-la conforme as ordens divinas. Ora, como disse D. Lefebvre, as atuais autoridades de Roma trabalham para descristianizar a sociedade. Portanto, deve-se afastar delas, esperando que voltem a trabalhar como seus antecessores, desde os Apóstolos até antes de a fumaça de Satanás haver entrado no Lugar Santo. Isso não é deixar de ser católico, muito pelo contrário, é permanecê-lo autenticamente. 

A Igreja é o que ela sempre foi: santa. Tudo o que se faz e diz hoje contra a santidade da mesma não é dela e muito menos é ela. São homens com cabeças não católicas, que ocupam cargos de autoridade, mas que, enquanto agem e falam o erro e o mal, não falam e não agem em nome da Igreja. Seria uma blasfêmia dizê-lo.

Infelizmente, ao que parece, há na Tradição um grupo que já não “concorda muito” com as palavras de D.Lefebvre, que aduzimos acima, e outro que, sim, concorda, mas cala-se “esperando o que vai acontecer”, sem se dar conta de que já está acontecendo...

Maria Santíssima, nossa esperança, vinde em socorro do povo que Vos pertence!

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