domingo, 19 de abril de 2009

Carta de Mons. Williamson

The Dinoscopus


Sábado, 18 de abril de 2009

Comentarios Eleison XCIII

Debates difíciles


Del Obispo Tissier de Mallerais, hablando en Paris, escuchamos que se han arreglado las condiciones, para las discusiones doctrinales que serán celebradas entre la SSPX y las autoridades de la Iglesia Romana, estas discusiones, serán por escrito, medida de que haya menos espacio para la pasión y más tiempo para pensar cuidadosamente. También que no se hará público, previsión mejor, dado que elimina la postura de ” GRAN TRADICION” por cualquiera de las partes, también conocido como el juego de la Galería, por que no habrá galería presente.

Desde Roma hemos escuchado, una iniciativa de comprension, hacia la SSPX, que se ha generado por el Papa, en Enero “Levantamiento de Excomuniones” de los cuatro obispos, proceso que se vio seriamente frenado por la desconfianza generada por los medios de comunicación en los escándalos de Enero y febrero, alboroto diseñado para lograrlo. Sin embargo, subjetivamente hablando sin lugar a dudas existe una buena intención por parte del Papa hacia la SSPX, y no hay falta de buena voluntad de la SSPX a la persona del Santo Padre.

El problema, en estos debates, es que objetivamente hablando como en cualquier otro caso, puede existir cierta renuencia para admitir que estamos EN UN CHOQUE IRRECONCILIABLE entre la religión de Dios, y la religión del Hombre. El Vaticano II intenta mezclar a ambos juntos, que era mucho más que una religión del hombre, a la mitad. Esto nos permite decir que Benedicto XVI desea combinar al Vaticano II, con la tradición Católica. Esto continua siendo demasiado de la religión del hombre en una cuarta parte. Nos permite suponer que la SSPX y Benedicto XVI se comprometen ante los demás a llegar a la mitad del camino, que aun representaría una octava parte de la religión del hombre con siete octavas partes de la Religión de Dios, lo que de todas maneras a los ojos de Dios, sería mucho.

Porque justo una desproporción en pequeña cantidad de agua mezclada con gasolina en un tanque lleno es suficiente para detener un motor, así solo una pequeña mezcla de idolatría es suficiente para detener la verdadera religión de Dios. El Señor mismo nos dice que es un Dios celoso (Éxodo XX,5; etc.), y no va a soportar ningún falso dios a su lado. A nadie en la SSPX que se vea tentado a practicar con un culto Neo-modernista como cualquier modernista que desee compartir con los católicos el culto, El profeta del Antiguo testamento Elías, dijo a los Israelitas vacilantes: ¿Cómo pretenden estar bien con las dos partes, y pretenden seguir al Señor Dios, pero pretenden también seguir a Baal? (III Reyes, 18,21), “La gente no respondió ni una palabra”.

Subjetivamente los Israelitas querían tener ambas cosas. Objetivamente eso era imposible. Para nosotros mismos también.

Kyrie Eleison
Londres Inglaterra
Obispo Richard Williamson
18 Abril 2009



Músicas para Download


CHRISTE REDÉMPTOR ÓMNIUM


Latim
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Português


Christe Redémptor ómnium,
Ex Patre, Patris únice,
Solus ante princípium
Natus inefabílitur.

Tu lúmen, tu splendor Patris,
Tu spes perénnis ómnium:
Inténde quas fundunt preces
Tui per orbem fámuli.

Memento, salútis Auctor,
Quod nostri quondam córporis,
Ex illibáta Vírgine
Nascéndo, formam súmpseris.

Sic præsens testátur dies,
Currens per anni círculum,
Quod solus a sede Patris
Mundi salus advéneris.

Hunc cælum, terra, hunc mare,
Hunc omne, quod in eis est,
Auctórem advéntus tui
Laudans exsúltat cántico.

Nos quoque, qui sancto tuo
Redémpti sánguine sumus,
Ob diem natális tui
Hymnum novum concínimus.

Glória tibi , Dómine,
Qui natus es de Vírgine,
Cum Patre, et Sancto Spíritu,
In sempiterna sáecula.
Amen.



Ó Cristo redentor de todos,
Nascido do Pai, Filho único de Pai,
Vós só, antes do começo,
Nascestes de maneira inefável.

Ó luz, esplendor do Pai,
Esperança perene de todo homem,
Escutai as preces que vossos servos
Vos derramam em todo o mundo.

Lembrai-vos, ó Salvador nosso,
Que Vós tomastes outrora,
Nascendo de uma Virgem sem mancha,
A forma de nosso corpo.

Assim o testifica o dia presente
Que transcorre pelo ciclo do ano
Que Vós só, deixando o trono do Pai,
Viestes para salvar o mundo.

O céu, a terra, o mar
E todos os seres que eles contém,
Exultam com um cântico de louvor,
Aquele que Vós enviastes.

Nós também, que fomos resgatados
Pelo vosso sagrado sangue,
Neste dia de vossa natividade,
Entoamos um hino novo.

Glória a Vós, ó Senhor,
Que nasceste de uma Virgem,
Com o Pai e o Espírito Santo,
Pelos séculos sempiternos.
Amém

Obs: Áudio doado pelo Ir. André, O.S.B - Mosteiro da Santa Cruz

O Gloriosa Domina

Latim
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Português

O gloriósa Dómina,
Excélsa super sídera,
Qui te creávit, próvide
Lactásti sacro úbere.


Quod Heva tristis ábstulit,
Tu reddis almo gérmine:
Intrent ut astra flébiles,
Cæli fenéstra facta es.

Tu Regis alti iánua,
Et porta lucis fúlgida:
Vitam datam per Vírginem,
Gentes redémptæ, pláudite.

Glória tibi Dómine,
Qui natus es de Vírgine,
Cum Patre, et Sancto Spíritu,
In sempitérna sáecula.
Amen.

Ó gloriosa Senhora,
Mais alta que os astros,
Aquele que Vos criou,
Amamentaste com vossos
sagrados peitos.

O que a pobre Eva tirou
Vós o dais pelo sagrado Filho,
Para que os miseráveis entrem,
Vós vos convertestes em porta do céu.

Vós sois a janela do Rei Altíssimo,
E porta fúlgida de luz,
Povos remidos, aclamai a
Vida dada pela Virgem.

Glória a Vós, ó Senhor,
Que nascestes de uma Virgem,
Com o Pai e o Espírito Santo,
Pelos séculos sempiternos.
Amém.
Obs: Áudio doado pelo Ir. André, O.S.B - Mosteiro da Santa Cruz




sábado, 18 de abril de 2009

PAZ PARA TODO O MUNDO, MENOS PARA OS CATÓLICOS TRADICIONAIS

por María Angel
Tradução: Lucas Cabral
Os índios estão vindo...

semana_de_los_pueblos_indigenas





Alguém sabe quem são e a que se dedicam os membros da Equipe Pastoral Aborígene da Conferência Episcopal Argentina? Vejamos uma amostra de seu "pastoral".


Alegremo-nos irmãos, huincas incluídos, porque se vem a Semana dos Povos Indígenas, magno evento da Equipe de Pastoral Aborígene.

Para que fique claro, a organização acima é uma dependência da Conferência Episcopal Argentina, a saber, da Igreja Católica. Esclarecemos, já que seus “propósitos estratégicos” aprovados na XI Assembléia Plenária de Santo Antônio de Arredondo apenas para suspeitar alguma relação entre a ENDEPA e a mensagem evangélica.

Vamos testar:

Identidade: ENDEPA é uma equipe eclesial católica a serviço dos Povos Indígenas com espírito e busca constante de uma prática ecumênica e de diálogo inter-religioso.

Valores: Respeito à Terra – Justiça a luz do evangelho – Diversidade, Reciprocidade e enriquecimento mútuo – Respeito a dignidade das pessoas, a diversidade das culturas, a história de cada povo, a sua organização e a sua autonomia - Participação protagonista – Trabalho em equipe – Solidariedade – Fortaleza, Esperança e Alegria – Interculturalidade – Diálogo – Espiritualidade.
Algo Mais?

Fonte: http://radiocristiandad.wordpress.com/2009/04/18/paz-para-todo-el-mundo-menos-para-los-tradicionales/

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso e a Festa Budista do Vesakh

Comentários acerca da carta de felicitações aos budistas.
Lucas Cabral

A carta pode ser lida na íntegra em:
http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/interelg/documents/rc_pc_interelg_doc_20090403_vesakh-2009_po.html

"Se na rua ou na praça ouves alguém que blasfema contra Deus, vai a ele, increpa-o; e se é necessário, não duvides em golpeá-Lo. Dá-lhe uma bofetada no rosto, fere-lhe a boca, santifica tua mão com tal pancada... ; e se com isto arrostas a morte, feliz é a tua sorte"
São João Crisóstomo


O Vesakh é a maior e mais importante festa do calendário religioso budista.

Segundo a “tradição” Buda conseguiu a iluminação e entrou no estado de nirvana no tempo da lua cheia no mês de Maio. As datas comemoradas pelo mundo diferem entre si, pois dependem da interpretação astrológica empregada.

Os budistas dedicam esse dia para orações (a seus ídolos), para a observância dos preceitos budistas (a corrente satânica que os prendem a uma ideologia de meios pacíficos para encontrar os fins violentos que são a morte da alma e corrupção da fé) e a prática da caridade (esta última envolvida num emaranhado de sentimentos que fazem dos atos, em alguns adeptos superficiais, fins em si mesmos, ou meios para atingir a “purificação”).

Existe uma tradição nesta festa em que os budistas libertam os animais que são mantidos em cativeiro, mas o que me intriga é porque será que eles deixam essa libertação apenas para este dia, já que o budista tem como filosofia a vivencia harmônica com a natureza.

Na Índia essa comemoração toma proporções diferentes, como a limitação da comemoração ao dia da lua cheia e ao local Bihat, considerado o lugar onde Buda alcançou a “iluminação espiritual” Sarnat.

A nossa Itália católica estabeleceu o feriado do Vesakh para a comunidade budista. A civilidade católica não pode exprimir-se favoravelmente às expressões de credo de cada povo, pois a verdade não pode ser relativizada e nem conviver com a mentira.

Somos Católicos, e nossa fé é pura e genuína e não admite coexistir ao lado da mentira, impureza e trevas já que a missão Católica, enquanto igreja militante, é levar a VERDADE ortodoxa a todos os povos da terra a fim de que todos tenham a vida eterna e a alegria de conhecer o único e verdadeiro Deus.

Neste contexto podemos enxergar a civilização católica atual como a daquela antiga sinagoga em que Nosso Senhor costumava ensinar. Quando entraram nela os cambistas, mercenários e toda a sorte de negociadores do diabo, Nosso Senhor armou-se de uma correia e uma ira santa aliada à coragem e os expulsou, como que purgando a fé que estava a se macular pela ignomínia do homem, porque está escrito que “a minha casa será chamada casa de oração” completando tudo isso dizendo que os homens a haviam tornado em covil de ladrões.

Os nossos pastores deveriam nos afastar de tais doutrinas, assim como o pai afasta o filho do forasteiro que pode trazer consigo grandes males.

Ainda nos colocam a conviver com lobos como se nada significasse, tudo em nome de um amor as avessas, e ignorando a esperteza dos animais de caça que ficam a espreita para devorar sua vítima.

“Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar”(I São Pedro 5,8).



Transcrevo esse testemunho retirado do Blog Sou conservador sim, e daí?.

***

Neste centenário do nascimento de D. Helder Câmara, julgo oportuno citar um fato de que fui testemunha quando muito jovem, o qual me parece apresentar um aspecto não conhecido do arcebispo vermelho.

Nos anos 1968/69, sendo eu estudante de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Chile, em Santiago, acompanhei uma visita que D. Helder realizou à capital chilena por vários dias, pois desejava fazer uma reportagem sobre ela. Entre as atividades da visita constava um encontro, mantido em segredo, com a “Iglesia Joven”, movimento extremista da Teologia da Libertação, que poucos meses antes havia se apossado da catedral de Santiago.

Consegui infiltrar-me na reunião, com um gravador portátil — que na época era pouco discreto —, para gravar as palavras de D. Helder. Lamentavelmente, fui reconhecido por um colega da universidade, filho do embaixador do Chile no Vaticano. Quiseram tirar-me o aparelho, mas consegui escapar e subi no palanque, sentando-me num lugar onde uma agressão ficasse patente até para D. Helder.

No transcurso de sua palestra, quando respondia perguntas, uma delas versava sobre a liceidade do uso da violência na luta empreendida pela esquerda. Lembro-me perfeitamente da resposta de D. Helder. Parece-me ainda ouvi-la, tanto ela impressionou-me: “Eu não me vejo enfiando a faca nas costas de um empresário, mas à violência institucionalizada é legítimo responder com a violência revolucionária”.

Creio não ser possível um incitamento mais eloqüente à violência. Muitos dos assistentes que ouviram essas palavras constituíram mais tarde as milícias terroristas do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) e outras congêneres, que revolucionaram meu país.

Não queria que transcorresse o centenário de tal personagem sem tornar pública esta sua declaração. Certamente terá anestesiado as consciências desses jovens ardorosos de violência, para que a levassem a cabo.

Saí da conferência junto com D. Helder e desapareci na escuridão. Recebi depois, na universidade, a ameaça do filho do embaixador acima citado: caso eu publicasse o que havia visto e ouvido, iria sofrer as conseqüências.

D. Helder foi quatro vezes candidato ao Prêmio Nobel da Paz, mas meu testemunho revela como tal pretensão se chocava com a realidade...

(F.A.A. — Santiago, Chile)




quinta-feira, 16 de abril de 2009

Perigo! Escritos Heréticos

Sagrada Escritura Católica é um penhor de Nosso Senhor Jesus Cristo que, severamente, obrigou a santa Igreja a guardar e a interpretar à luz da Sagrada Tradição Apostólica e do Sagrado Magistério, rejeitada pelos hereges protestantes.

Estes hereges, sem nenhuma autoridade apostólica, se rebelaram contra a Santa Igreja instituída por Jesus sobre a Rocha, Pedro, para propagar erros e heresias gnósticas contra a então civilização católica. Tornou-se a integração de todas as heresias combatidas pela Igreja desde o seu princípio. Pode-se, hoje, aplicar a eles o que Santo Irineu de Lião escreveu ainda no ano de 220: “Quando são [os gnósticos] vencidos pelos argumentos tirados das Escrituras retorcem a acusação contra as próprias Escrituras, (…) E quando, por nossa vez, os levamos à Tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõem à tradição.” (Contra as Heresias 2,1-2 Livro III. Santo Ireneu de Lião (Bispo). 220 D.C).

Lutero, o pérfido, agiu exatamente como os gnósticos tão arduamente combatidos. Quando se viu impossibilitado de agir conforme as Escrituras, atacou-a! Fora a Epistola de São Tiago, fora Macabeus, fora a tudo que nos contradiz! Mas o que fazer quando a Tradição dos Padres legada pelos Apóstolos assegura a autoridade católica para firmar o Cânon? Guerra a Tradição!

Assim, foi construída a mais desajeitada e anárquica instituição herética, sem unidade, sem firmamento, sem base, sem Tradição, sem sucessão, sem a comunhão dos santos e por fim, sem Deus!

Falseiam a Verdade, tornando-a tudo o que possa se opor a Santa Igreja. O ódio inoculado nessas almas contra a Igreja, provém do mais profundo abismo infernal. O Corpo Místico de Cristo, Santo e Imaculado, ao qual o Senhor prometeu estar presente até o fim dos tempos, garantindo a assistência do Espírito Santo e dessa forma a infalibilidade, é atacado pelas mais sorrateiras investidas do diabo. Este, querendo levar consigo quantas almas puder, tendo em vista a proximidade da volta do Senhor, atenta numa inteligência estratégica angelical destruir tudo o que a Igreja construiu sob a moção do Senhor Absoluto e Onipotente. Investe primeiramente nas famílias, conquistam os jovens, os desviam e seduz, entram dissimuladamente na Igreja, infestam com a tentação da desobediência, rebeldia (um retrato luterano), sintetiza tudo num pseudomodernismo e afeta a consciência de vários sacerdotes, incutindo-lhes a inexistência do mal.

Este falsear está presente na forma mais destrutiva, haja vista a deturpação histórica da Idade das Luzes, fazendo um mix protestante-iluminista-absolutista. O absolutismo era protestante, em reinos protestantes, mas inverossimilmente aplicada a reinos católicos. Sabe-se que, se algo não condizia com a Doutrina Sagrada de nosso Senhor Jesus, os monarcas eram logo advertidos e se não se convertessem, punidos espiritualmente. Mas com o protestantismo veio o adultério no reino inglês, as promiscuidades de Lutero, Calvino e Cia. Uma revolução sensual, avara, mercantil e gnóstica.

São Basílio, em 380 d.C., evidenciou uma dura luta quando, em concordância com Santo Irineu de Lião, tratou sobre os inimigos da Igreja. “Meta comum de todos os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento da fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição apostólica. Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escrituras, e lançam para bem longe, como se fossem objetos vis, os testemunhos orais dos Padres.” (Tratado sobre o Espírito Santo. Cap 67. São Basílio de Cesaréia (Bispo). 380 D.C.).

Ele fala para nosso tempo! Quão sublime é a Tradição!

Encontra-se aqui a grande passagem histórica protestante: a guerra àTradição, “à missa papista”.

O mesmo santo Bispo no cap. 66 ensina sobre a conseqüência e o perigo de se prejudicar o Santo Evangelho: “Entre as verdades conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e outras nos foram transmitidas nos mistérios, pela Tradição apostólica. Ambas as formas são igualmente válidas relativamente à piedade. Ninguém que tiver, por pouco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas”.

Portanto, retomando as Escrituras, conclui-se que, a todo católico, exige-se a mais completa repulsa a tudo aquilo que não venha de Deus e de sua Santa Igreja. Exige-se também a perfeita obediência, sem, é claro, dano a consciência, aos legítimos Pastores do Episcopado elevados a tal dignidade por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim temos por Escrituras o que foi decretado pelo concílio de Hipona em 393:

“Cânon 36 - Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, quatro livros dos Reinos1, dois livros dos Paralipômenos2, Jó, Saltério de Davi, cinco livros de Salomão3, doze livros dos Profetas4, Isaías, Jeremias5, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, dois livros de Esdras6 e dois [livros] dos Macabeus. E do Novo Testamento: quatro livros dos Evangelhos7, um [livro de] Atos dos Apóstolos, treze epístolas de Paulo8, uma do mesmo aos Hebreus9, duas de Pedro, três de João, uma de Tiago, uma de Judas e o Apocalipse de João.10 Sobre a confirmação deste cânon se consultará a Igreja do outro lado do mar11. É também permitida a leitura das Paixões dos mártires na celebração de seus respectivos aniversários12" (Concílio de Hipona, 08.Out.393).

Para finalizar, São Pio X nos ensina em seu Catecismo Maior como proceder diante dos escritos protestantes: “rejeita-la com horror, por ser proibida pela Igreja. E, se a tivesse aceitado sem reparar, deveria logo lança-la ao fogo...”. Este santo pontífice, que lutou contra o modernismo, o qual acabou por infiltrar no concílio Vaticano II, declarou ser o protestantismo o compêndio de todas as heresias que houve antes dele “O Protestantismo ou religião reformada, como orgulhosamente a chamam seus fundadores, é o compendio de todas as heresias que houve antes dele, que houve depois e que podem ainda nascer para ruína das almas”. (Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, pág. 350).

Sendo assim, nosso comportamento deverá se basear na conduta irrepreensível e dura contra tais heresias, respeitando a pessoa, mas,condenando-a se persistir no erro.

26. Depois de termos recebido e conhecido a verdade, se a abandonarmos voluntariamente, já não haverá sacrifício para expiar este pecado.
27. Só teremos que esperar um juízo tremendo e o fogo ardente que há de devorar os rebeldes.
28. Se alguém transgredir a Lei de Moisés - e isto provado com duas ou três testemunhas -, deverá ser morto sem misericórdia.
29. Quanto pior castigo julgais que merece quem calcar aos pés o Filho de Deus, profanar o sangue da aliança, em que foi santificado, e ultrajar o Espírito Santo, autor da graça!
30. Pois bem sabemos quem é que disse: Minha é a vingança; eu a exercerei (Dt 32,35). E ainda: O Senhor julgará o seu povo (Sl 134,14).
31. É horrendo cair nas mãos de Deus vivo. (Heb. 10, 26-31).

O ecumenismo, pregado após o concílio, deixou inúmeras marcas nas atividades católicas. Um ecumenismo romântico, igualitário e frenético! O que se tem visto são concelebrações com lobos hereges, profanações dos altares e sacramentos, tudo em nome de uma união mais profunda! Tudo em nome de uma falsa paz, mesmo que em detrimento da Fé. Pio XI, na Mortalium Animus adverte criteriosamente sobre o ecumenismo. E para maior dor do modernismo a transcrevo:

“Assim se compreende porque, Veneráveis Irmãos, esta Sé Apostólica jamais permitiu aos seus fiéis assistir aos Congressos dos acatólicos; a união dos cristãos não pode ser procurada de outro modo que não seja favorecer o retor­no dos dissidentes à única e verdadeira Igreja de Cristo, que eles tive­ram outrora a infelicidade de a abandonar. O retorno, Nós dizemos, à única e ver­­dadeira Igreja de Cristo, como tal e bem visível a todos os olhares, des­ti­na­da enfim, pela vontade de seu Autor, a permanecer tal com Ele mesmo a ins­­tituiu para a salvação comum dos homens. Pois, jamais ao longo dos séculos, a Esposa mística de Cristo foi profanada; ela não o será jamais segundo testemunha São Cipriano: "A Esposa de Cristo não pode ser deson­rada; ela é incorruptível e pura. Ela não conhece senão uma morada e, por sua casta reserva, conserva intacta a santidade de um único lar". (De cath. Ecclesiae unitate, 6) O santo mártir se espantava ainda vivamente, em seu bom direito, que se pudesse imaginar "que esta unidade, fruto da esta­bi­li­da­de divina, consolidada pelos sacramentos celestes, fosse exposta a se partir sob o choque de vontades discordantes" (Ibid.). O corpo místico de Cristo, isto é a Igreja, é único (I Cor. XII, 12), homogêneo e perfeitamente articu­la­do (Ephes. IV, 15), à maneira de um corpo físico; é portanto ilógico e ridículo pretender que o corpo místico possa ser formado por membros espalhados, iso­lados uns dos outros; em seqüência, qualquer um que não esteja unido, não pode ser um de seus membros, nem soldado à sua cabeça, que é o Cristo. (Cf. Ephes. V, 30; I, 22).

Nesta única Igreja de Cristo, ninguém se encontra e ninguém habita sem reconhecer e aceitar, com obediência, a autoridade e o poder de Pedro e de seus legítimos sucessores.” (Carta Encíclica Mortalium Animus).

Em Agradecimento a Maria Santíssima, pela vitória da Igreja com o Motu Proprio Summorum Pontificum de Bento XVI, e por ter se dignado ouvir os milhares de rosários dedicados a Ela para este fim.

Por Lucas Cabral
Colaboração de Mônica Mendonça

A Intolerância Católica

A intolerância católica
A intolerância católica* (sermão pregado na Catedral de Chartres em 1841)
Cardeal Pie

Meus irmãos(...),

Nosso século clama: "tolerância, tolerância". Tem-se como certo que um padre deve ser tolerante, que a religião deve ser tolerante. Meus irmãos, não há nada que valha mais que a franqueza e eu aqui estou para vos dizer, sem disfarce, que no mundo inteiro só existe uma sociedade que possui a verdade e que esta sociedade deve ser necessariamente intolerante. Mas antes de entrar no mérito, destinguimos as coisas, convenhamos sobe o sentido das palavras para bem nos entendermos. Assim não nos confundiremos.

A tolerância pode ser civil ou teológica. A primeira não nos diz respeito e não falarei senão uma pequena palavra sobre ela: se a lei tolerante quer dizer que a sociedade permite todas as religiões porque a seus olhos, elas são todas igualmente boas ou porque as autoridades se consideram incompetentes para tomar partido neste assunto, tal lei é ímpia e atéia. Ela exprime não a tolerância civil como a seguir indicaremos, mas a tolerância dogmática que, por uma neutralidade criminosa, justifica nos indivíduos a mais absoluta indiferença religiosa. Ao contrário, se, reconhecendo que uma só religião é boa, a lei suporta e permite que as demais possam se exercer por amor à tranqüilidade pública, esta lei poderá ser sábia e necessária se assim o pedirem as circunstâncias como outros observaram antes de mim (...).

Deixo porém este campo cheio de dificuldades e volto-me para a questão propriamente religiosa e teológica em que exponho estes dois princípios: primeiro, a religião que vem do céu é verdade e ela é intolerante com relação às doutrinas errôneas; segundo, a religião que vem do céu é caridade e ela é cheia de tolerância quanto às pessoas.

Roguemos à Nossa Senhora vir em nossa ajuda e invocar para nós o Espírito de verdade e de caridade: Spiritum veritatis et pacis. Ave Maria.

Faz parte da essência de toda verdade não tolerar o princípio que a contradiz. A afirmação de uma coisa exclui a negação dessa mesma coisa, assim como a luz exclui as trevas. Onde nada é certo, onde nada é definido, pode-se partilhar os sentimentos, podem variar as opiniões. Compreendo e peço a liberdade de opinião nas coisas duvidosas: in dubiis, libertas. Mas logo que a verdade se apresenta com as características certas que a distinguem, por isso mesmo que é verdade, ela é positiva, ela é necessária e por conseqüência ela é una e intolerante: in necessariis, unitas. Condenar a verdade à tolerância é condená-la ao suicídio. A afirmação se aniquila se ela duvida de si mesma, e ela duvida de si mesma se ela admite com indiferença que se ponha a seu lado a sua própria negação. Para a verdade, a intolerância é o instinto de conservação, é o exercício legítimo do direito de propriedade. Quando se possui alguma coisa é preciso defendê-la sob pena de ser despojado dela bem cedo.

Assim, meus irmãos, pela própria necessidade das coisas, a intolerância está em toda parte porque em toda parte existe o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, a ordem e a desordem. Que há de mais intolerante do que esta proposição: 2 e 2 fazem 4? Se vierdes me dizer que 2 e 2 fazem 3 ou fazem 5, eu vos respondo que 2 e 2 fazem 4...

Nada é tão exclusivo quanto a unidade. Ora, ouvi a palavra de São Paulo: "unus Dominus, una fides, unum baptisma". Há, no céu, um só Senhor: unus Dominus. Esse Deus, cuja unidade é seu grande atributo, deu à terra um só símbolo, uma só doutrina, uma só fé: una fides. E esta fé, esta doutrina, Ele confiou-as a uma só sociedade visível, uma só Igreja cujos filhos são, todos, marcados com o mesmo selo e regenerados pela mesma graça: unum baptisma. Assim, a unidade divina que esplende por todos os séculos na glória de Deus, produziu-se sobre a terra pela unidade do dogma evangélico cujo depósito foi confiado por Nosso Senhor Jesus Cristo à unidade hierárquica do sacerdócio: um Deus, uma fé, uma Igreja: unus Dominus, una fides, unum baptisma.

Um pastor inglês teve a coragem de escrever um livro sobre a tolerância de Jesus Cristo e o filósofo de Genebra [Rousseau] disse, falando do Salvador dos homens: "Não vejo que meu divino Mestre tenha formulado sutilezas sobre o dogma". Bem verdadeiro, meus irmãos. Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma, mas trouxe aos homens a verdade e disse: se alguém não for batizado na água e no Espírito Santo; se alguém, recusa-se a comer a minha carne e a beber o meu sangre, não terá parte em meu reino. Confesso que nisso não há sutilezas, há intolerância, há exclusão, a mais positiva, a mais franca. E mais, Jesus Cristo enviou seus Apóstolos para pregar a todas as nações, isto é, derrubar todas as religiões existentes para estabelecer em toda a terra a única religião cristã e substituir todas as crenças dos diferentes povos pela unidade do dogma católico. E prevendo os movimentos e as divisões que esta doutrina vai incitar sobre a terra, Ele não se deteve e declarou que tinha vindo para trazer não a paz mas a espada e acender a guerra não somente entre os povos, mas no seio de uma mesma família e separar, pelo menos quanto às convicções, a esposa fiel do esposo incrédulo, o genro cristão do sogro idólatra. A afirmação é verdadeira e o filósofo tem razão: Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma (...).

Falam da tolerância dos primeiros séculos, da tolerância dos Apóstolos. Mas isso não é assim, meus irmãos. Ao contrário, o estabelecimento da religião cristã foi, por excelência, uma obra de intolerância religiosa. No momento da pregação dos apóstolos, quase todo o universo praticava essa tolerância dogmática tão louvada. Como todas as religiões eram igualmente falsas e igualmente desarrazoadas, elas não se guerreavam; como todos os deuses valiam a mesma coisa uns para os outros, eram todos demônios, não eram
exclusivos, eles se toleravam uns aos outros: Satã não está dividido contra si mesmo. O Império Romano, multiplicando suas conquistas, multiplicava seus deuses e o estudo de sua mitologia se complica na mesma proporção que o da sua geografia. O triunfador que subia ao capitólio, fazia marchar diante dele os deuses conquistados com mais orgulho ainda do que arrastava atrás de si os reis vencidos. A mais das vezes, em virtude de um Senatus-Consulto, os ídolos dos bárbaros se confundiam desde então com o domínio da pátria e o olímpio nacional crescia como o Império.

Quando aparece o cristianismo (prestem atenção a isso, meus irmãos, são dados históricos de algum valor com relação ao assunto presente), o cristianismo quando apareceu pela primeira vez, não foi logo repelido subitamente. O paganismo perguntou-se se, ao invés de combater a nova religião, não devia dar-lhe acesso ao seu solo. A Judéia tinha se tornado uma província romana. Roma, acostumada a receber e conciliar todas as religiões, recebeu a princípio, sem maiores dificuldades, o culto saído da Judéia. Um imperador colocou Jesus Cristo assim como Abraão entre as divindades de seu oratório, como viu-se mais tarde um outro César propor prestar-lhe homenagens solenes. Mas a palavra do profeta não tardou a se verificar: as multidões de ídolos que viam, de ordinário sem ciúmes, deuses novos e estrangeiros serem colocados ao lado deles, com a chegada do deus dos cristãos, lançam um grito de terror, e, sacudindo sua tranqüila poeira, abalam-se sobre seus altares ameaçados: ecce Dominus ascendit, et commovebuntur simulacra a facie ejus. Roma estava atenta a esse espetáculo. E logo, quando se percebeu que esse Deus novo era irreconciliável inimigo dos outros deuses; quando viu-se que os cristãos, dos quais se havia admitido o culto, não queriam admitir o culto da nação; em uma palavra, quando constatou-se o espírito intolerante da fé cristã, é aí então que começou a perseguição.

Ouvi como os historiadores do tempo justificam as torturas dos cristãos. Eles não falam mal de sua religião, de seu Deus, de seu Cristo, de suas práticas; só mais tarde é que inventaram calúnias. Eles os censuram somente por não poderem suportar outra religião que não seja a deles. "Eu não tinha dúvidas, diz Plínio o jovem, apesar de seu dogma, que não era preciso punir sua teimosia e sua obstinação inflexível": pervicaciam et inflexibilem obstinationem. "Não são criminosos, diz Tácito, mas são intolerantes, misantropos, inimigos do gênero humano. Há neles uma fé teimosa em seus princípios, e uma fé exclusiva que condena as crenças de todos os povos": apud ipsos fides obstinata, sed adversus omnes alios hostile odium. Os pagãos diziam geralmente dos cristãos o que Celso disse dos judeus, com os quais foram muito tempo confundidos, porque a doutrina cristã tinha nascido na Judéia. "Que esses homens adiram inviolavelmente às suas leis, dizia este sofista, nisto não os censuro; eu só censuro aqueles que abandonam a religião de seus pais para abraçar uma diferente! Mas se os judeus ou os cristãos querem só dar ares de uma sabedoria mais sublime que aquela do resto do mundo, eu diria que não se deve crer que eles sejam mais agradáveis a Deus que os outros".

Assim, meus irmãos, o principal agravo contra os cristãos era a rigidez absoluta do seu símbolo, e, como se dizia, o humor insociável de sua teologia. Se só se tratasse de um Deus a mais, não teria havido reclamações; mas era um Deus incompatível, que expulsava todos os outros: eis porque a perseguição. Assim, o estabelecimento da Igreja foi uma obra de intolerância dogmática. Toda a história da Igreja não é outra que a história dessa intolerância. O que são os mártires? Intolerantes em matéria de fé, que preferem os suplícios a professarem o erro. O que são os símbolos? São fórmulas de intolerância, que determinam o que é preciso crer e que impõem à razão os mistérios necessários. O que é o Papado? Uma instituição de intolerância doutrinal, que pela unidade hierárquica mantém a unidade de fé.
Porque os concílios? Para freiar os desvios de pensamentos, condenar as falsas interpretações do dogma; anatematizar as proposições contrárias à fé.

Nós somos então intolerantes, exclusivos em matéria de doutrina; nós disto fazemos profissão; nós nos orgulhamos da nossa intolerância. Se não o fôssemos, não estaríamos com a verdade, pois que a verdade é uma, e conseqüentemente intolerante. Filha do céu, a religião cristã, descendo sobre a terra, apresentou os títulos de sua origem; ela ofereceu ao exame da razão fatos incontestáveis, e que provam irrefutavelmente sua divindade. Ora, se ela vem de Deus, se Jesus Cristo, seu autor, pode dizer: Eu sou a verdade: Ego sum veritas, é necessário por uma conseqüência inevitável, que a Igreja Cristã conserve incorruptivelmente esta verdade tal qual a recebeu do céu; é necessário que ela repila, que ela exclua tudo o que é contrário a esta verdade, tudo o que possa destruí-la. Recriminar à Igreja Católica sua intolerância dogmática, sua afirmação absoluta em matéria de doutrina é dirigir-lhe uma recriminação muito honrável. É recriminar à sentinela ser muito fiel e muito vigilante, é recriminar à esposa ser muito delicada e exclusiva.

Nós ficamos muitas vezes confusos do que ouvimos dizer sobre todas estas questões até por pessoas de senso. A lógica lhes falta, desde que se trate de religião. É a paixão, é o preconceito que os cega? É um e outro. No fundo, as paixões sabem bem o que elas querem quando procuram abalar os fundamentos da fé, pondo a religião entre as coisas sem consistência. Elas não ignoram que, demolindo o dogma, elas preparam para si uma moral fácil. Diz-se com uma justeza perfeita: é antes o decálogo que o símbolo que as faz incrédulas. Se todas as religiões podem ser postas num mesmo nível, é que elas se equivalem todas; se todas são verdadeiras é porque todas são falsas; se todos os deuses se toleram, é porque não há Deus. E se se pode aí chegar, não sobra mais nenhuma moral incômoda. Quantas consciências estariam tranqüilas, no dia em que a Igreja Católica desse o beijo fraternal a todas as seitas suas rivais!

Jean-Jacques [Rousseau] foi entre nós o apologista e o propagador desse sistema de tolerância religiosa. A invenção não lhe pertence, se bem que ele tenha ido mais longe que o paganismo, que nunca chegou a levar a indiferença a tal ponto. Eis, com um curto comentário, o ponto principal do catecismo genebrino, tornado infelizmente popular: todas as religiões são boas. Isto é, de outra forma, todas as religiões são ruins (...).

A filosofia do século XIX se espalha por mil canais sobre toda a superfície da França. Esta filosofia é chamada eclética, sincrética e, com uma pequena modificação, é também chamada progressiva. Esse belo sistema consiste em dizer que não existe nada falso; que todas as opiniões e todas as religiões podem se conciliadas; que o erro não é possível ao homem, a menos que ele se despoje da humanidade; que todo o erro dos homens consiste em crer possuírem exclusivamente toda a verdade, quando cada um deles só tem um elo e que, da reunião de todos esses elos, deve-se formar a corrente inteira da verdade. Assim, segundo essa inacreditável teoria, não há religiões falsas, mas elas são todas incompletas umas sem as outras. A verdadeira seria a religião do ecletismo sincrético e progressivo, a qual ajuntaria todas as outras, passadas, presentes e futuras: todas as outras, isto é, a religião natural que reconhece um Deus; o ateísmo que não conhece nenhum; o panteísmo que o reconhece em tudo e por tudo; o espiritualismo que crê na alma, e o materialismo que só crê na carne, no sangue e nos humores; as sociedades evangélicas que admitem uma revelação, e o deísmo racionalista que a rejeita; o cristianismo que crê no messias que veio e o judaísmo que o espera ainda; o catolicismo que obedece ao Papa, o protestantismo que olha o Papa como o anti-Cristo. Tudo isto é conciliável. São diferentes aspectos da verdade. Da união desses cultos resultará um culto mais largo, mais vasto, o grande culto verdadeiramente católico, isto é, universal, pois que abrigará todas as outras no seu seio.

Esta doutrina que qualificais de absurda, não é de minha invenção; ela enche milhares de volumes e de publicações recentes; e, sem que seu fundo jamais varie, ela toma todos os dias novas formas sob a caneta e sobre os lábios dos homens entre as mãos dos quais repousam os destinos da França. -- A que ponto de loucura nós então chegamos? -- Nós chegamos ao ponto onde deve logicamente chegar todo aquele que não admite o princípio incontestável que estabelecemos, a saber: que a verdade é uma, e por conseqüência intolerante, exclusiva de toda doutrina que não é a sua. E, para juntar em poucas palavras toda a substância deste meu discurso, eu lhes direi: procurais a verdade sobre a terra? Procurai a Igreja intolerante. Todos os erros podem se fazer concessões mútuas; eles são parentes próximos, pois que tem um pai comum: vos ex patre diabolo estis. A verdade, filha do céu, é a única que não capitula.

Vós, pois, que quereis julgar esta grande causa, tomai para isto a sabedoria de Salomão. Entre essas diferentes sociedades para as quais a verdade é um objeto de litígio, como era aquela criança entre as duas mães, quereis saber a quem adjudicá-la. Pedi que vos dêem uma espada, fingi cortar, e examinai as caras que farão os pretendentes. Haverá vários que se resignarão, que se contentarão da parte que vão ter. Dizei logo: essas não são as mães! Há uma cara, ao contrário, que se recusará a toda composição, que dirá: a verdade me pertence e eu devo conservá-la inteira, eu jamais tolerarei que ela seja diminuída, partida. Dizei: esta aqui é a verdadeira mãe!

Sim, Santa Igreja Católica, vós tendes a verdade, porque vós tendes a unidade, e porque vós sois intolerante, não deixais decompor esta unidade.