sábado, 6 de abril de 2013

Conselhos práticos para “restaurar tudo em Cristo” DON CURZIO NITOGLIA

 
DON CURZIO NITOGLIA
[Tradução: Gederson Falcometa]
27 de junho de 2009
http://www.doncurzionitoglia.com/mezze_veritas.htm
Monsignor Henri Delassus dizia: «Hoje mais que nunca é preciso dizer a verdade, sem subterfúgios e sem hábeis estratégias. [...] A moral é que as verdades diminuídas não são a Verdade e apenas a Verdade leva consigo a vida; e apenas ela pode dar nos a ressurreição a partir do estado de coma que nos encontramos [...] Jesus confessou a Verdade e com isto venceu o mundo, mesmo que isto lhe tenha custado a morte de Cruz» [1]. E continuava:«Aquele que, hoje, proclama a verdade pela metade, faz mais danos do que quem a nega resolutamente; temos necessidade da Verdade integral. Ou a Fé ou o Eu. Ou o cristianismo nas almas e na sociedade; ou o orgulho, a inveja e todas as paixões desordenadas, que o egoísmo esconde em si, e que a revolução desencadeia [...] tudo aquilo que não é a plena, franca e inteira Verdade religiosa, não pode nada sobre o coração do homem, nem pode remeter a Sociedade civil sobre a estrada”. [2]




Conselhos práticos para “restaurar tudo em Cristo”

1º) Para reformar a Sociedade é preciso primeiro reformar a si mesmo
(Nemo dat quod non habet). “Toda mudança na Sociedade deve ter o seu primeiro princípio nos corações” [3].

2º) Retornar a uma linguagem sincera, evitando palavras equívocas

A palavra exprime a idéia e a idéia a coisa. Então, se queremos falar de coisas reais, e não de quimeras abstratas, devemos usar palavras que exprimam a essência das coisas. Devemos adequar a nossa linguagem e a nossa mente a realidade, dar as palavras o seu verdadeiro significado, apenas assim chegaremos a verdade (Veritas est adaequatio rei et intellectus), sem recair no erro nominalista.
Então, será necessário recusar a ‘fraseologia corrompedora e confusionária’ da filosofia moderna e idealista, que confunde as idéias e corrompe a verdade. Os subversivos “fazem adotar palavras corrompedoras; por meio disso insinua-se idéias falsas e corruptas, e as idéias preparam a via aos fatos sediciosos e revolucionários” [4].

3°) Retornar a plena verdade filosófica-teológica

O erro atual é a negação do pecado original. O Homem é “Imaculado”, então não tem necessidade de redenção, de Cristo, da Igreja, de Sacerdócio, de Graça; basta lhe apenas a natureza que é semi-deificada. Ao invés, é preciso difundir “o catecismo nas massas, a filosofia perene e a teologia escolástica nas classes instruídas: apenas neste passo se pode obter a saúde [...] Ou a Fé ou o Eu. Ou o império do cristianismo [...]; ou o orgulho, a inveja e todas as paixões que o egoísmo encerra e a Revolução desencadeira” [5].

4º) Encorajar o homem ao esforço

A inércia debilita, o esforço vivifica! A preguiça é um vício funesto porque pára o desenvolvimento do indíviduo, da família e da Sociedade Humana. “O homem que não tem mais que trabalhar e combater se corrompe, e assim a nação” [6]. Em suma:”o ócio é o pai de todos os vicíos” e “Baco, Tabaco e Vênus, as cinzas reduzem o homem”, diz o provérbio.

5º) Quem pode, depois de Deus, ou melhor, por meio de Deus, reproduzir tudo isto?

“Aquele que foi chamado uma primeira vez a restabelecer sobre a verdade a ordem social [...]: o homem da teologia, o padre [...] Mas para estar a altura desta obra, é preciso que o padre recupere a confiança em si mesmo, ou melhor na virtude sobrenatural que a S. Ordenação nele depositou” [7].

Saudáveis considerações “pastorais”

“A instauração do reino de Cristo na sociedade, é uma meta de que se devem ocupar todos os fiéis [...]. Antes de todas as outras coisas, é necessário que Cristo reine nas nossas almas [...] depois na nossa família [...]. Assinalamos a influência nefasta que desenvolve no ambiente familiar a televisão, as revistas, os livros leves ou mesmo imorais. As boas famílias podem unir-se em grupos sociais mais amplos: ”Ai do solitário” diz as S. Escrituras. Assim de tantas famílias cristãs pode nascer uma Sociedade cristã, como já sucedeu nos séculos passados. [...] Os cristãos devem agir na vida pública, com a finalidade de impedir a aprovação de leis contrárias à fé e a moral cristã [...] Na realidade, muitos de nós, educados pelo desencorajamento e relaxamento, pensam que a Providência de Deus se tenha se revelado insuficiente para conter a malícia em que hoje o mundo se encontra submerso. Mesmo que não tenhamos a coragem, ou melhor, a estultícia de dizê-lo abertamente, de fato, pensamos que a apostasia da Sociedade, seja tão profunda que agora não é mais possível falar do Reino social de Cristo! [...], O naturalismo nos conduziu a confiar apenas nas forças humanas a esquecer a onipotência da graça [...].

Para concluir: Nos podem faltar todos os meios para difundior o Reino de Cristo: ciência, saúde, carisma pessoal, capacidade de ser alimentadores das multidões ou como se diz hoje de ser ‘leaders’, tudo em suma; mas o grande meio da oração não nos falta nunca” [8].
Un provérbio flamenco diz: “são mais fortes duas mãos juntas em oração, que dois punhos prontos a golpear”! Ainda que um não exclua o outro, mas devem ser hierarquicamente subordinados.

Nossa Senhora pode nos fazer vencer a peste da idade moderna

O Cardeal Otavianni, escrevia, não faz muito tempo: “Maria nos nossos tempos: a Sociedade moderna é atormentada por uma febre de renovamento que faz medo e é infestada por homens que se prevalecem de tanto sofrimento nosso para construir o império de seus arbítrios, a tirania dos seus vícios, o ninho da luxúria e de rapinagens. Mas o mal assumiu características mais vastas e apocaliptícas, jamais conhecemos tantos outros perigos. De uma hora para outra nós podemos perder não apenas a vida, mas toda civilização e toda esperança [...]. Parece que também a nós diga o Senhor ‘não é ainda chegada a minha hora’, mas a Imaculada, a mãe de Deus, a Virgem que é a imagem e a tutela da Igreja, Essa nos deu já a Cana, a prova de saber e poder obter a antecipação da hora de Deus. E nós temos necessidade de que esta hora venha rápido, venha antecipada, venha feita imediata, porque quase podemos dizer: ‘Ó Mãe, nós não podemos mais!’ [...]. Pelos nossos pecados nós merecemos os últimos excídios, as mais implacáveis execuções. Nós cassamos o seu Filho das escolas e das oficinas, dos campos e das cidades, das ruas e das casas. O cassamos das próprias igrejas [...] preferimos Barrabás. É verdadeiramente a hora de Barrabás [...] Com tudo isto, confiantes em Maria, sentimos que é a hora de Jesus, a hora da redenção [...] Diga Maria, como em Cana: ‘Eles não tem mais vinho’; e o diga com a própria potência de intercessão e se Ele hesita, se si nega, a vencer suas hesitações como vence, por materna piedade, as nossas indignidades. Seja Mãe piedosa para conosco, Mãe imperiosa para Ele. Acelere a sua hora, que é a nossa hora. Não podemos mais, ó Maria. A humana geração perece, se tu não te move. Fala por nós, ou silência, fala por nós, ó Maria!” [9]

Conclusões

Sobretudo agora, com a recrudescência do neo-modernismo, não devemos nos iludir de poder “restaurar tudo em Cristo” (S. Pio X) sem falar claro e forte, sem medo do rancor dos inimigos e sob aparência de falsa prudência, silenciar sobre questões candentes, que poderia parecer não diretamente conexa ao dogma, mas que ao contrário são de vital importância para a sua afirmação ou negação.
Uma dessas questões diz respeito ao diálogo inter-religioso especialmente com o judaísmo, que fez a brecha na Igreja graças ao tema da ‘shoah’, apresentada por Jules Isaac a João XXIII e ao Cardeal Agostino Bea, e que foi usado como “pé de cabra” para minar e entrar na sessão conciliar onde levou confusão, fumaça e obscuridade ao ambiente eclesial. Apenas indo a origem do mal ele poderá ser debelado, dizendo toda a verdade sem diluição.




Notas:

[1] H. Delassus, Vérités sociales et erreurs démocratiques, Desclée, de Brouwer, Lille, 1909, rist. 1986 éd. Sainte Jeanne d’Arc, Villegenon, pp. 384-391.
[2] Ibidem, pp. 399-400.
[3] H. Delassus, Il problema dell’ora presente. Antagonismo tra due civiltà, II vol.,La rinnovazione e le sue condizioni, Roma, Desclée, 1907, pag. 156.
[4] Ibidem, pp. 201.
[5] Ibidem, pp. 304 e 324.
[6] Ibidem, pag. 470.
[7] Ibidem, pag. 629 e 624.
[8] A. De Castro Mayer, Carta Pastoral sobre a Realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo, 8 dic. 1976, ed. Vera Cruz, San Paolo, 1977.
Cfr. anche:
A. De Castro Mayer, Problemi dell’apostolato moderno, Napoli, Dall’Albero, 1964, cap. VI, Sul razionalismo, sull’evoluzionismo, sul laicismo. Cap. VII, Sulle relazioni tra Stato e Chiesa. Cap. VIII, Su questioni politiche, economiche e sociali, pagg. 83-111.
[9] A. Ottaviani, Il baluardo, Ares, Roma, 1961, pagg. 279-283.

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